Duas noticias hoje nos faz refletir: a primeira que Clandestinos terá uma segunda temporada; a segunda é uma entrevista com Beatriz Segall que afirma que hoje não há elenco para uma nova “Vale Tudo”
Pois bem. Comecemos de trás para frente. “Vale Tudo” é um novo hit. Um novo velho sucesso, trazido pelo Canal Viva. Merece todos os louros. A começar pelos autores Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, pela direção de Dennis Carvalho e pela atuação do elenco. Tudo convergiu para um grande sucesso. O famoso “quem matou Odete Roitman” foi resultado de um trabalho prévio da dramaturgia que nos fez odiar e querer matar Odete Roitman. Na verdade todos queriam vê-la morta! E por isso a repercussão foi tão brutal.
E Beatriz Segall tem toda a razão. Hoje raramente vemos reunidos atores tão bons. Mas será que não temos bons atores? Guardemos um pouquinho essa pergunta e vamos à outra noticia: Clandestinos ganha nova temporada.
“Os Clandestinos” é um grande seriado de um ótimo dramaturgo que tem a oportunidade de apresentar um ótimo elenco. Emiliano d'Avila roubou a cena no último episódio e cada vez mais vamos tendo a impressão de que uma ótima fornada de atores vem chegando por ai, através da série.
E aí é que está o problema! Pois temos visto sim grandes atores, mas as emissoras e seus executivos insistem em repetir fórmulas de sucesso, com rostinhos bonitinhos, sem desenvolver a carreira dos bons atores.
Há atores que passam desapercebidos, como na minissérie Maysa, Marat Descartes, que no teatro paulistano rouba a cena. E a atriz Melissa Vettore que fez quase uma figuração em "Viver a Vida" depois de demonstrar talento em Maysa e Mothern. E por quê? Eis a grande pergunta.
Será que se fizessemos uma desintoxicação nas viciadas escalações não teríamos, ao final, um elenco para uma nova versão de “Vale Tudo”?
Mas claro que isso tem que ser feito a longo prazo e com estratégia. Não basta hoje trazermos de volta à TV a grande Berta Zemel, sem informarmos ao público quem é e o quão boa atriz é.
Andréia Horta está trilhando esse caminho. Em breve deverá protagonizar uma novela e terá tanto o público quanto à critica à seu favor. E poderia muito bem fazer uma Maria de Fátima com grande habilidade. Mas recordemos que na Globo Andréia foi elenco de apoio em JK e precisou partir para outras emissoras para ter o talento reconhecido e voltar para a emissora como primeiro escalão.
Uma infinidade de bons atores aguardam uma oportunidade. Outro exemplo que pode ser citado é Kiko Mascarenhas: um grande ator que fez inúmeras pequenas participações e somente no seriado “Separações” teve a oportunidade de mostrar seu enorme talento como o hilário Delavega que, mesmo sendo um personagem de apoio, conquistou um bom espaço no programa em função do talento do ator.
Obviamente não esperamos que todos sejam protagonistas, mas será que não merecem bons personagens, ao invés do elenco de apoio?
A noticia de que Bianca Bin será a protagonista da novela das 18h não surpreende, tendo em vista que a jovem já protagonizou “Malhação”. Parece que há um sistema em quem se o ator entra protagonista, mesmo não realizando um bom trabalho, a casa insiste até o fim (não é o caso de Bianca Bin, que é uma boa atriz). É como se a TV colocasse o profissional em uma prateleira e de lá não pudesse sair.
Será que essa avaliação de quem é ou não protagonista (ou quem tem ou não star quality) não está sendo pouco criteriosa? E não está engessando as escalações aponto de gerar a declaração de Beatriz Segall? Será que realmente não temos bons atores, ou será que o sistema de escalação não está relegando aos bons os papéis secundários e de apoio?
Mais uma vez fica a pergunta: será que os atores de “Os Clandestinos”, e tantos outros já citados, serão aproveitados?
Talentosa, Melissa Vettore, intrepreta acompanhante da mãe do protagonista em Viver a Vida! |