segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O vale-tudo do elenco

Duas noticias hoje nos faz refletir: a primeira que Clandestinos terá uma segunda temporada; a segunda é uma entrevista com Beatriz Segall que afirma que hoje não há elenco para uma nova “Vale Tudo”

Pois bem. Comecemos de trás para frente. “Vale Tudo” é um novo hit. Um novo velho sucesso, trazido pelo Canal Viva. Merece todos os louros. A começar pelos autores Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, pela direção de Dennis Carvalho e pela atuação do elenco. Tudo convergiu para um grande sucesso. O famoso “quem matou Odete Roitman” foi resultado de um trabalho prévio da dramaturgia que nos fez odiar e querer matar Odete Roitman. Na verdade todos queriam vê-la morta! E por isso a repercussão foi tão brutal.

E Beatriz Segall tem toda a razão. Hoje raramente vemos reunidos atores tão bons. Mas será que não temos bons atores? Guardemos um pouquinho essa pergunta e vamos à outra noticia: Clandestinos ganha nova temporada.

“Os Clandestinos” é um grande seriado de um ótimo dramaturgo que tem a oportunidade de apresentar um ótimo elenco. Emiliano d'Avila roubou a cena no último episódio e cada vez mais vamos tendo a impressão de que uma ótima fornada de atores vem chegando por ai, através da série.

E aí é que está o problema! Pois temos visto sim grandes atores, mas as emissoras e seus executivos insistem em repetir fórmulas de sucesso, com rostinhos bonitinhos, sem desenvolver a carreira dos bons atores.

Há atores que passam desapercebidos, como na minissérie Maysa, Marat Descartes, que no teatro paulistano rouba a cena. E a atriz Melissa Vettore que fez quase uma figuração em "Viver a Vida" depois de demonstrar talento em Maysa e Mothern. E por quê? Eis a grande pergunta.

Será que se fizessemos uma desintoxicação nas viciadas escalações não teríamos, ao final, um elenco para uma nova versão de “Vale Tudo”?

Mas claro que isso tem que ser feito a longo prazo e com estratégia. Não basta hoje trazermos de volta à TV a grande Berta Zemel, sem informarmos ao público quem é e o quão boa atriz é.

Andréia Horta está trilhando esse caminho. Em breve deverá protagonizar uma novela e terá tanto o público quanto à critica à seu favor. E poderia muito bem fazer uma Maria de Fátima com grande habilidade. Mas recordemos que na Globo Andréia foi elenco de apoio em JK e precisou partir para outras emissoras para ter o talento reconhecido e voltar para a emissora como primeiro escalão.

Uma infinidade de bons atores aguardam uma oportunidade. Outro exemplo que pode ser citado é Kiko Mascarenhas: um grande ator que fez inúmeras pequenas participações e somente no seriado “Separações” teve a oportunidade de mostrar seu enorme talento como o hilário Delavega que, mesmo sendo um personagem de apoio, conquistou um bom espaço no programa em função do talento do ator.

Obviamente não esperamos que todos sejam protagonistas, mas será que não merecem bons personagens, ao invés do elenco de apoio?

A noticia de que Bianca Bin será a protagonista da novela das 18h não surpreende, tendo em vista que a jovem já protagonizou “Malhação”. Parece que há um sistema em quem se o ator entra protagonista, mesmo não realizando um bom trabalho, a casa insiste até o fim (não é o caso de Bianca Bin, que é uma boa atriz). É como se a TV colocasse o profissional em uma prateleira e de lá não pudesse sair.

Será que essa avaliação de quem é ou não protagonista (ou quem tem ou não star quality) não está sendo pouco criteriosa? E não está engessando as escalações aponto de gerar a declaração de Beatriz Segall? Será que realmente não temos bons atores, ou será que o sistema de escalação não está relegando aos bons os papéis secundários e de apoio?

Mais uma vez fica a pergunta: será que os atores de “Os Clandestinos”, e tantos outros já citados, serão aproveitados?


Talentosa, Melissa Vettore, intrepreta acompanhante da mãe do protagonista em Viver a Vida!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Afinal?

A espera ansiosa por “Afinal, o que querem as mulheres?” deixa um gostinho de frustração. Mais uma vez Luiz Fernando Carvalho se mostra melhor diretor, iluminador, diretor de ator (ou seja cineasta) do que dramaturgo.

Já assistimos em “A Pedra do Reino” uma versão hermética e muito confusa da brilhante obra de Ariano Suassuna. E para quem assistiu a obra transposta para o teatro sabe que se tratava de uma brilhante comédia, que na mão de Carvalho (diretor e adaptador da obra) se transformou em algo obscuro e depressivo. Naquela oportunidade vimos um Quaderna triste, quando devia ser um herói!

Na seqüência assistimos à Capitu. Parecia que um passo tinha sido dado na direção de uma dramaturgia mais concisa e um pouco mais inteligível para o espectador. No entanto, ainda não atingia o público de forma a prendê-lo. E muitas discussões sobre as inovações necessárias na televisão trazidas por Carvalho.

Pois bem. Agora esperávamos por uma obra cômica, diferente de tudo que o diretor nos apresentou até então. Mas não foi bem isso que se viu. Já nas primeiras cenas podiamos identificar a mesma mão das obras anteriores. O vai e vem das cenas teatrais, como o boneco de Freud, a costura das cenas, tudo levava a uma confusão, que não permitia rir das piadas.

O momento mais marcante da obra foi dramático: quando Paola Oliveira, muito bem no papel de Lívia, rasga seu quadro e insiste em dizer que não existe nada. E depois quando tenta falar desesperadamente com Michel Malamed (André Newman)

Afinal, o que querem as mulheres? Acerta na fotografia, na iluminação, no elenco, mas não consegue contar a história de forma que prenda o espectador. Daí fica a pergunta: Afinal, pra quem é a obra, pro público ou pra crítica cinematográfica?

Paola Oliveira surpreende no papel de Lívia, mais pela carga dramática do que pelo cômico

sábado, 6 de novembro de 2010

Um grande ator, uma grande história

Ontem Jô Soares recebeu em seu programa uma visita um tanto inusitada: o ator Eduardo Sterblitch.
Com certeza você já sabe quem é, mas não está juntando o nome a pessoa. Quem sabe como César Polvilho o nome pareça mais familiar. Pois é. O César Polvilho estava na poltrona do Jô.

O Pânico na TV tem seu mérito de reconhecer grandes talentos no humor. Lançou nomes improváveis como Charles Wikipedia e apostou na inteligência de Sabrina Sato, quando a ex-BBB não passava do rótulo de uma ex-big brother. Confesso não ser muito fã do tipo de humor que apresentam, mas respeito e reconheço muitas das qualidades. Geralmente Emilio Surita e cia. acertam e conseguem nos fazer rir. Não é à toa que são uma ameaça às duas emissoras que disputam o primeiro lugar.

No entanto, quando assistimos o programa não percebemos que há mais que simples palhacinhos fazendo coisas bizarras.

Toda essa introdução para falar de um artista surpreendente: Eduardo Sterblitch. Jô Soares que sabe conduzir uma entrevista e sempre abre espaço quando tem em sua frente um entrevistado promissor, dedicou dois blocos ao ator. E para nossa surpresa nos deparamos com um artista mais do que preparado. E aqui voltamos ao primeiro tópico do blog: está faltando olhar sensível aos nosso produtores de elenco.

Eduardo é ator desde criança. Estudo 9 anos a arte do clown. Fala com segurança de Becket, Ionesco, Arrabal. E ele tinha certeza que seria um grande ator dramático. Mas a situação financeira que vivia lhe impôs a comédia. Nos contou que trabalhou como Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e outras atividades para ganhar R$ 30,00 (sem a condução). E Jô com a habilidade de um grande entrevistador, foi servindo wiski ao convidado, e tirando dele o melhor. A entrevista nos fez rir das tristezas e das alegrias da vida de um ator em busca da sobrevivência. Uma grande entrevista. Um grande ator.

Imagina se o Pânico não tivesse descoberto esse grande ator que está hoje em cartaz com a peça Minhas Sinceras Desculpas?

Eduardo é um desses artistas raros, que mescla humildade com genialidade. E depois dessa entrevista como gostaria muito de poder vê-lo em um filme ou novela com um personagem dramático ou cômico, porque ficou a certeza de que estávamos assistindo a um grande ator.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Clandestinos – um sonho que promete


Quem teve a oportunidade de assistir ao espetáculo “Clandestinos” de João Falcão estava ansioso para assistir à série baseada na peça. Havia uma certa apreensão, pois como seria transpor um espetáculo que trabalhava com o meta-teatro, para a televisão? Será que a linguagem não seria uma barreira?

“Clandestinos – o sonho começou” une as barreiras do teatro e da televisão. Consegue provar que o bom teatro, ou a boa atuação em teatro, cabe perfeitamente na televisão. É comum ouvir atores se justificando que por serem de teatro, sua interpretação é “teatral” demais para televisão. A série prova que quando o trabalho do ator é construído com cuidado e com propriedade, não importa se está no palco ou se está na televisão: é bom!

A série amplia o assunto tratado na peça, colocando as dificuldades de produzir teatro no país. Fábio Enriquez e Elisa Pinheiro formam uma dupla impagável, que é facilmente encontrada nos teatros brasileiros. E a figura de Elisa coloca muito bem os obstáculos vividos pelos produtores.

No campo da atuação, boas surpresas: começamos com Adelaide (Adelaide de Castro) com um forte sotaque mineiro, que em um primeiro momento pode soar exagerado, quando começa a contar sua história é de uma sensibilidade comovente. A atriz não é teatral, nem televisiva, é atriz.

As gêmeas Giselle e Michelle Batista emocionam em sua encenação de 90's e em busca de sua personalidade. E o texto extremamente ágil e competente, contrapõe intrepretações e depoimentos, dando vida ao teatro vazio e a história que ainda não está escrita. O elenco é muito regular e vale elogiar Gabriela Medeiros que realizou a produção de elenco pelo olhar sensível e pelas escolhas. Na verdade citar um ou outro profissional pode ser injusto, pois a direção é impecável, a arte e a iluminação também. Tudo colabora para uma grande série que emociona e faz rir.

Promete. E sem dúvida teremos mais uma fornada de bons atores. Cabe agora aos executivos das televisões dormir um pouquinho mais tarde às quintas.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A dança das cadeiras das protagonistas


Não é de hoje que os críticos de plantão falam sobre o mistério que paira nas escalações de elenco de novelas.

As chamadas panelas são perceptíveis e quando determinado autor ou diretor realizam uma obra é possível já imaginar qual será o elenco e quais nomes não faltarão.

Uma coisa é preciso ser dita: em todos os lugares isso acontece. No mundo corporativo, no governo, ou em qualquer outro ambiente será possível observar que as redes de relacionamento impõem muitas das contratações. Estamos observando esse movimento hoje com a recém eleita presidenta Dilma. A turma é a mesma.

Nas novelas, a escalação de um elenco parece obedecer a regra do network. Pois bem. Antonio Abujamra dizia que ele trabalha com a enfermaria dele. E não adianta reclamar. Pois pelo menos assim, ele conhece a doença de cada um que está a seu redor; assim sabe como lidar e tirar o melhor de cada um.

Na arte, muitas vezes, é melhor trabalhar com quem se conhece para evitar futuros problemas, do que arriscar no novo.

No entanto, essa premissa trouxe ao momento atual um terrível medo de arriscar. Corre-se muito pouco risco na teledramaturgia atual e, por isso, vemos rostos se repetindo à exaustão.

O caso atual da saída de Ana Paula Arósio da próxima novela de Gilberto Braga mostra mais uma vez a falta de ousadia dos executivos que preenchem o quebra-cabeças de um elenco. Paola Oliveira está sendo exaurida, com um trabalho após o outro. Nathalia Dill idem. E por ai vai.

Hoje saiu no Jornal Extra que Duca Rachid e Thelma Guedes não confirmam a escalação de Nathalia para protagonizar a próxima novela das 18h. Realizaram testes e estão indefinidos quanto ao assunto.

Acredito que a novela das 18h possa ousar como está fazendo atualmente com a Milena Toscano. E aqui é minha opinião pessoal. Assim como hoje temos noticias de que Adriana Birolli poderá protagonizar a novela de um dos mais ousados dramaturgos, Aguinaldo Silva, gostaria de ler nas próximas notas que Priscila Sol será protagonista de uma das próximas novelas. Não apenas ela. Uso o exemplo de uma grande atriz muito mal utilizada pela Rede Globo, mas temos inúmeras outras: Arieta Correia, Fernanda Paes Leme (que até hoje não protagonizou nenhuma novela), Paula Possani, Vitoria Frate, Maria Maya, Ariela Massoti (que foi muito bem em Ciranda de Pedra e depois sumiu). Sem falar em Andréia Horta que foi muito bem em A Cura e pelo que consta nos noticiários voltaria apenas na novela de João Emanuel Carneiro em 2012.

Não me refiro apenas ao posto de protagonista. É raro vermos rostos novos em bons papéis. À eles ficam delegados os personagens de apoio, como aconteceu com Priscila Sol, como Paixão em Viver a Vida.

Um bom exemplo de oportunidades foi Tempos Modernos que, embora não tenha sido bem sucedida no IBOPE, teve a ousadia de trazer novos rostos que se saíram muito bem, como Paula Possani, que iniciou em um papel pequeno e pela beleza e talento teve merecido destaque; ou como João Baldasserini que já tinha feito bonito no cinema. Mas ainda temos outros nomes que seguraram o pique na novela como Guilherme Leicam, Aline Peixoto, Luciana Borghi, Janaína Ávila, Antonio Fragoso (conhecido por muitas participações, mas teve sua primeira boa oportunidade), Alexandre Cioletti, entre outros. Mas quais deles estão sendo novamente escalados? Até o momento não há muitas noticias.

Pois bem. Televisão não é ONG. Não tem que dar emprego por altruísmo como muitos pedem. Não tem que testar todos os atores que se auto-intitulam artistas. No entanto, parece que os executivos de elenco perderam aquele olhar sensível. Com a grande quantidade de opções, parecem se acomodar com o que já deu certo, relegando ao segundo escalão atores que poderiam colaborar com o brilho da TV. A novidade parece ainda assustar!

Aline Peixoto, Andréia Horta, Ariela Massoti,
Janaína Ávila, Luciana Borghi, Paula Possani e Priscila Sol
Fotos: Divulgação/TV Globo/Reprodução






 

Visão distante

Televisão (do grego tele - distante e do latim visione - visão) é um sistema eletrônico de recepção de imagens e som de forma instantânea.

A televisão nos últimos anos virou objeto de desejo de muitos. Para alguns apenas um bem de consumo: o sonho de ter a tela mais plana, digitalmente transmitida e, às vezes, maior do que a parede. Não importa a classe social, o importante é ver TV. Cada vez mais vemos esse objeto espalhado por ai. Nos bares, restaurantes, espaços públicos. E como é magnetizante! É impossível ter uma TV ligada e não dar aquela "olhadinha".
Não! Não estamos sós! Temos a novela das 8h, que agora é às 9h!

E há muitos que não se contentam com o objeto. Querem entrar na telinha. Querem fazer parte desta visão distante que muitos podem ter, mas poucos podem produzir.
E aqui entra este blog. Há algum tempo observo e acompanho o mundo televisivo. À distância. Naquela distância regulamentar que nos é imposta.

Mas hoje, com o advento da internet e a profusão da informação, quem não se sente intimo da estrela da televisão? Quem não sabe qual o passo dado por cada uma das celebridades criadas e "des-criadas" à necessidade do mundo das ilusões?

E quando a ilusão acaba e entra a realidade? Mesmo ela (a realidade) hoje se confunde com a ilusão! Pois é. O que é real? O que é criação, invencionismo? Vai saber.

Estou aqui para trazer noticias e comentários sobre o que acontece ou acontecerá neste pequeno mundo distante do qual estamos cada vez mais próximos.

Aguardo contribuições! E vamos nos perder no controle remoto!
Tati