sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Afinal?

A espera ansiosa por “Afinal, o que querem as mulheres?” deixa um gostinho de frustração. Mais uma vez Luiz Fernando Carvalho se mostra melhor diretor, iluminador, diretor de ator (ou seja cineasta) do que dramaturgo.

Já assistimos em “A Pedra do Reino” uma versão hermética e muito confusa da brilhante obra de Ariano Suassuna. E para quem assistiu a obra transposta para o teatro sabe que se tratava de uma brilhante comédia, que na mão de Carvalho (diretor e adaptador da obra) se transformou em algo obscuro e depressivo. Naquela oportunidade vimos um Quaderna triste, quando devia ser um herói!

Na seqüência assistimos à Capitu. Parecia que um passo tinha sido dado na direção de uma dramaturgia mais concisa e um pouco mais inteligível para o espectador. No entanto, ainda não atingia o público de forma a prendê-lo. E muitas discussões sobre as inovações necessárias na televisão trazidas por Carvalho.

Pois bem. Agora esperávamos por uma obra cômica, diferente de tudo que o diretor nos apresentou até então. Mas não foi bem isso que se viu. Já nas primeiras cenas podiamos identificar a mesma mão das obras anteriores. O vai e vem das cenas teatrais, como o boneco de Freud, a costura das cenas, tudo levava a uma confusão, que não permitia rir das piadas.

O momento mais marcante da obra foi dramático: quando Paola Oliveira, muito bem no papel de Lívia, rasga seu quadro e insiste em dizer que não existe nada. E depois quando tenta falar desesperadamente com Michel Malamed (André Newman)

Afinal, o que querem as mulheres? Acerta na fotografia, na iluminação, no elenco, mas não consegue contar a história de forma que prenda o espectador. Daí fica a pergunta: Afinal, pra quem é a obra, pro público ou pra crítica cinematográfica?

Paola Oliveira surpreende no papel de Lívia, mais pela carga dramática do que pelo cômico

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