Quem teve a oportunidade de assistir ao espetáculo “Clandestinos” de João Falcão estava ansioso para assistir à série baseada na peça. Havia uma certa apreensão, pois como seria transpor um espetáculo que trabalhava com o meta-teatro, para a televisão? Será que a linguagem não seria uma barreira?
“Clandestinos – o sonho começou” une as barreiras do teatro e da televisão. Consegue provar que o bom teatro, ou a boa atuação em teatro, cabe perfeitamente na televisão. É comum ouvir atores se justificando que por serem de teatro, sua interpretação é “teatral” demais para televisão. A série prova que quando o trabalho do ator é construído com cuidado e com propriedade, não importa se está no palco ou se está na televisão: é bom!
A série amplia o assunto tratado na peça, colocando as dificuldades de produzir teatro no país. Fábio Enriquez e Elisa Pinheiro formam uma dupla impagável, que é facilmente encontrada nos teatros brasileiros. E a figura de Elisa coloca muito bem os obstáculos vividos pelos produtores.
No campo da atuação, boas surpresas: começamos com Adelaide (Adelaide de Castro) com um forte sotaque mineiro, que em um primeiro momento pode soar exagerado, quando começa a contar sua história é de uma sensibilidade comovente. A atriz não é teatral, nem televisiva, é atriz.
As gêmeas Giselle e Michelle Batista emocionam em sua encenação de 90's e em busca de sua personalidade. E o texto extremamente ágil e competente, contrapõe intrepretações e depoimentos, dando vida ao teatro vazio e a história que ainda não está escrita. O elenco é muito regular e vale elogiar Gabriela Medeiros que realizou a produção de elenco pelo olhar sensível e pelas escolhas. Na verdade citar um ou outro profissional pode ser injusto, pois a direção é impecável, a arte e a iluminação também. Tudo colabora para uma grande série que emociona e faz rir.
Promete. E sem dúvida teremos mais uma fornada de bons atores. Cabe agora aos executivos das televisões dormir um pouquinho mais tarde às quintas.
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