Não é de hoje que os críticos de plantão falam sobre o mistério que paira nas escalações de elenco de novelas.
As chamadas panelas são perceptíveis e quando determinado autor ou diretor realizam uma obra é possível já imaginar qual será o elenco e quais nomes não faltarão.
Uma coisa é preciso ser dita: em todos os lugares isso acontece. No mundo corporativo, no governo, ou em qualquer outro ambiente será possível observar que as redes de relacionamento impõem muitas das contratações. Estamos observando esse movimento hoje com a recém eleita presidenta Dilma. A turma é a mesma.
Nas novelas, a escalação de um elenco parece obedecer a regra do network. Pois bem. Antonio Abujamra dizia que ele trabalha com a enfermaria dele. E não adianta reclamar. Pois pelo menos assim, ele conhece a doença de cada um que está a seu redor; assim sabe como lidar e tirar o melhor de cada um.
Na arte, muitas vezes, é melhor trabalhar com quem se conhece para evitar futuros problemas, do que arriscar no novo.
No entanto, essa premissa trouxe ao momento atual um terrível medo de arriscar. Corre-se muito pouco risco na teledramaturgia atual e, por isso, vemos rostos se repetindo à exaustão.
O caso atual da saída de Ana Paula Arósio da próxima novela de Gilberto Braga mostra mais uma vez a falta de ousadia dos executivos que preenchem o quebra-cabeças de um elenco. Paola Oliveira está sendo exaurida, com um trabalho após o outro. Nathalia Dill idem. E por ai vai.
Hoje saiu no Jornal Extra que Duca Rachid e Thelma Guedes não confirmam a escalação de Nathalia para protagonizar a próxima novela das 18h. Realizaram testes e estão indefinidos quanto ao assunto.
Acredito que a novela das 18h possa ousar como está fazendo atualmente com a Milena Toscano. E aqui é minha opinião pessoal. Assim como hoje temos noticias de que Adriana Birolli poderá protagonizar a novela de um dos mais ousados dramaturgos, Aguinaldo Silva, gostaria de ler nas próximas notas que Priscila Sol será protagonista de uma das próximas novelas. Não apenas ela. Uso o exemplo de uma grande atriz muito mal utilizada pela Rede Globo, mas temos inúmeras outras: Arieta Correia, Fernanda Paes Leme (que até hoje não protagonizou nenhuma novela), Paula Possani, Vitoria Frate, Maria Maya, Ariela Massoti (que foi muito bem em Ciranda de Pedra e depois sumiu). Sem falar em Andréia Horta que foi muito bem em A Cura e pelo que consta nos noticiários voltaria apenas na novela de João Emanuel Carneiro em 2012.
Não me refiro apenas ao posto de protagonista. É raro vermos rostos novos em bons papéis. À eles ficam delegados os personagens de apoio, como aconteceu com Priscila Sol, como Paixão em Viver a Vida.
Um bom exemplo de oportunidades foi Tempos Modernos que, embora não tenha sido bem sucedida no IBOPE, teve a ousadia de trazer novos rostos que se saíram muito bem, como Paula Possani, que iniciou em um papel pequeno e pela beleza e talento teve merecido destaque; ou como João Baldasserini que já tinha feito bonito no cinema. Mas ainda temos outros nomes que seguraram o pique na novela como Guilherme Leicam, Aline Peixoto, Luciana Borghi, Janaína Ávila, Antonio Fragoso (conhecido por muitas participações, mas teve sua primeira boa oportunidade), Alexandre Cioletti, entre outros. Mas quais deles estão sendo novamente escalados? Até o momento não há muitas noticias.
Pois bem. Televisão não é ONG. Não tem que dar emprego por altruísmo como muitos pedem. Não tem que testar todos os atores que se auto-intitulam artistas. No entanto, parece que os executivos de elenco perderam aquele olhar sensível. Com a grande quantidade de opções, parecem se acomodar com o que já deu certo, relegando ao segundo escalão atores que poderiam colaborar com o brilho da TV. A novidade parece ainda assustar!
Aline Peixoto, Andréia Horta, Ariela Massoti, Janaína Ávila, Luciana Borghi, Paula Possani e Priscila Sol Fotos: Divulgação/TV Globo/Reprodução |
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